Já
te disse um dia, acho eu, e se não digo-te agora, sinto sempre muitas muitas
saudades tuas, mas não aquela melancolia enfadonha e fadista, a minha é uma
saudade do futuro, daquilo que eu já vejo e conheço bem, por tê-lo imaginado
tantas vezes,
(e por isso é ao mesmo tempo uma lembrança e uma coisa que ainda não sucedeu),
um amor redondo e belíssimo, percebes, e é por causa disso que encho o teu presente de palavras como noivas branquinhas, como mensageiras que envio ao futuro para elas começarem a construir aquilo que precisaremos se o futuro finalmente chegar, ou seja, se de repente uma palavra tua de amor, ou um beijo diferido, ou uma carícia esboçada no ar como intenção, ou um daqueles impulsos de que tanto falamos, ou um convite para um jogo novo no qual os teus braços abertos possam ser esse belo ninho que tanto anseio para lá passar o próximo inverno... resumindo para não alongar muito mais esta frase, se o futuro chegar de mansinho, como uma chuvinha leve e fresca e pudermos acalmar esta sede que, de tão longa, as vezes parece que já nasceu connosco.
Sándalo Naranja
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