terça-feira, 26 de novembro de 2013

YOU ARE SUCH





You are such, that I am cursed, or blessed, to remain thirsty and hungry of you forever. I better get used to the idea.

This is why in my dreams the time for delight seems as infinite as your beauty, and thirst and hunger are but a distant remnant of the daytime.


As I stop and smile my timeless smile, a wind of desire sweeps my mind. My smile has been courting vertigo, loneliness, oblivion. It has crossed valleys and spellbounding distances. 

My desire is like my smile: old and new, plural, manifold. My desire is as endless and inapprehensible as your bouquet of beauties. 

All I care for in this bountiful world has your name imprinted. 

For you run through my veins.
                   
For I drown in your eyes. 







                                 Sándalo Naranja



terça-feira, 19 de novembro de 2013

A Cidade




Poderias nunca ter vindo, mas vieste. A grande cidade agora é tua, também, sim um bocadinho. A cidade é de todos e, às vezes de ninguém. Mil pessoas todos os dias de manhã a enchem de passos, nas ruas, nas paragens de autocarro, no metro, nos jardins, nas universidades, nas escolas, nos escritórios, nos cafés, nas esplanadas. Risos, olhares fugazes, outras vezes tristes, outras vezes atentos, outras vezes felizes, outras vezes apaixonados, outras vezes desesperados, outras vezes cansados, outras vezes parados, outras vezes, ainda, distraídos, outras vezes.......
 A cidade é como se fosse o mundo em ponto mais pequeno, mais próximo do teu corpo e do teu pensamento apesar de toda a variedade de personagens, um espaço físico menos controlável mas ainda possível de lá chegar, uma fugacidade inacreditável, uma riqueza que às vezes, por pena tua, não consegues abarcar, mas querias, desejavas ardentemente que assim fosse.

Os dias podem ser infinitamente imensos e variados ou não. Quando, no primeiro dia, de regresso a casa, entrei no autocarro, um silêncio de granito, daquele pesado e antigo, respirava-se em golfadas fortes. Pensei que fazia falta haver música naquele espaço. Ao final do dia, aquela melodia beijando os olhos, os lábios, afagando os cabelos de todos nós que ali estávamos. E Mozart surgiu-me logo de imediato. Aquela frescura quase infantil capaz de iluminar até o mais escuro canto do mundo. Como um jardineiro que planta flores entre os paralelos da calçada. O génio do que é humano e conhece deus no seu mais íntimo de si.

E o autocarro parou. Desci. Parei para  atravessar na passadeira  à espera que ele passasse e continuasse a sua marcha. Mas então olhei e vi. O condutor acenou-me com um gesto de permissão simpático e lento. Atravessei e senti atrás de mim  aquele ruído que, aos poucos, se torna tão familiar aos meus ouvidos.
Desci a rampa e aproximei-me de casa. Sim. O dia chegava ao fim e sabia que ao abrir a porta teria Mozart para me receber.









AMAN