Já te falei disso tantas vezes, desde o primeiro dia, é estranho, eu nunca tive uma mente dada à matemática, mas quando te vejo caminhar é logo nisso que penso: alguém com jeito para isso, um sábio, o um guru, alguém que soubesse descrever o teu caminhar com fórmulas e equações, já sabes, os ângulos de rotação dos teus lindos tornozelos (vi-os anteontem, coisa delicada e bela!), enfim, tu percebes, o rácio do impulso vertical proporcionalmente inverso à velocidade angular, sei lá, esse tipo de coisas das quais eu não percebo nadinha, mas que me fascinam em ti, e que tenho certeza podem ser explicadas pela ciência, olha para todo esse dinheiro que investimos em bolsas e universidades, o porquê dos teus pés deixarem no chão um vapor luzidio que talvez seja eu o único que repara nele, o porquê das coisas que tocas ficarem logo diferentes, o porquê de quando almoço contigo não me lembro da fome que tinha enquanto esperava por ti, o porquê dessas marcas invisíveis que deixas em tudo, não apenas nos copos e nos talheres, mas também nas canções e nos poemas e nas esquinas e nas fontes e nos edifícios antigos.
Sándalo Naranja
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