segunda-feira, 29 de abril de 2013

DEEP BELOW, HIGH ABOVE



From the deep, taking relentlessly all my love to you. Think of it as waves.

Like a breeze I touch you, light and easy...


And my memories expand like a universe. My finger connects the shiny dots, and I see the constellations. I name them, from my window.





In my soul, I keep them all.


The dots are the threads, the words, the dreams, the songs, the gestures, the moments. Each one, one star.


Know this, my morning star: without a compass, you might be my only north.



Sándalo Naranja




O MEU OLHAR DEMORADO





Como seria bom se pudesse olhar para ti mais devagar, com a serenidade devida, se conseguirmos parar o tempo do olhar, também, e assim, fotograma a fotograma, pudesse eu registar com alguma precisão o voo das tuas mãos, o alvoroço das tuas pálpebras, a fina dança das costuras da tua roupa quando caminhas, enfim, e um outro mundo infindável de pormenores  que detecto aos poucos e nunca consigo consignar devidamente, 


e talvez assim, em slow-mo, conseguisse eu ver onde é que o teu olhar se pousa exactamente quando falas dessas coisas tuas com esse meio sorriso de encantar... gostaria, enfim, de olhar para ti já sem uma réstia de vergonha nem boa educação, e com o máximo deleite, e que tu te achasses, plena de ti no meu olhar, e nele sentisses esse tocar vagaroso de que tanto te falo, aquele em que se misturam as aguas da ternura mais doce e do desejo mais aceso de ti, numa foz onde já não é mais possível separar as águas, e todo o olhar se revela carícia, finalmente e para sempre desenvergonhada, que te despe de palavras, de razões, de roupas, e atravessa o teu corpo (tão amado!) duma luz como um zénite sem sombras.






Sándalo Naranja

domingo, 28 de abril de 2013

AS CATEDRAIS


À noite as fábricas são como catedrais iluminadas.
Estão ali, diante de ti, imersas num silêncio que se pode tocar com a ponta dos dedos, e segredam-te histórias de dias infinitos de suor, de corpos contorcidos com o peso do medo, de corações apertados, de lágrimas contidas e com pressa em correr mas só quando soa a sirene e se fecham os grandes portões de ferro elas nascem do fundo dos olhos e inundam tudo. Como um rio, como um iceberg derretendo ao ritmo abrasador de um sol a pique, como um mar rasgando a terra e levando tudo no seu corpo, à sua passagem, como tudo aquilo que vem de repente, quando já estava previsto há muito tempo.
 

 


Passamos ao seu lado e sentimos que caminhamos em linha paralela rumo ao infinito.
Nós e elas.

Elas e nós.
E elas sabem-no tão bem tal como nós o sabemos.


E perguntamo-nos porque não entramos? Porque não abrimos os grandes portões e percorremos os imensos corredores, as complexas linhas de montagem, os escritórios adormecidos, as escadas em caracol (talvez chegássemos ao paraíso!), os refeitórios assépticos, as casas-de-banho minúsculas.


Porque não fazemos da sua presença a nossa presença?


Todo o seu espaço podia ser o nosso. Todo o nosso espaço podia ser o delas.

Hesitamos.

O passo quebra-se como um copo de vidro escorregando das mãos molhadas.


 

Escolhemos voltar para trás, retomar o caminho paralelo e desenhar no chão uma mensagem onde todo o nosso mundo fique gravado como uma aliança celebrada no meio do deserto. E elas perceberão quando, na próxima manhã, todos os homens ao abrir o dia com os seus braços, sorrirem. E a luz da noite iluminará o dia inteiro daqueles que aí vão morrer e nascer de novo.

As fábricas.




                                                               Aman


terça-feira, 23 de abril de 2013

(BE)LONGING


Estranha saudade do futuro que me fazes sentir.

Alimentada de memória, vivida num agora eterno, reluzente de futuros.

Vem.



quinta-feira, 18 de abril de 2013

THE THOUSAND HOURS






There are one thousand hours in a day without you, yet just one minute of your eyes on me, just one minute of your light, shining on me, would be enough to undo the thousand hours, to revert all the thousand small deaths, only that light, I say, would be enough to freeze that deadly time, that muted distance, perhaps to unlock the eternal now and here, so I will sit here, expecting at any moment that light flooding through my window, washing down all my shadows, all my little deaths.


Sándalo Naranja