segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AS PALAVRAS NA NOITE

sem querer, sem que nada o pudesse prever, assim sem marcação na agenda verde, a lápis, e já está.
não percebes porque te aproximas, porque vais, porque foste, mas sabes, tens a certeza que é por ali.
e é essa certeza que te faz estar vivo e acreditar na luz nascente de cada dia do mundo, no mundo dentro da tua vida, da luz mais profunda capaz de ter caracterizar no espelho dos olhos daqueles que te deixam entrar sem receio, como o rapaz de fato e gravata verde escuro, saquinho preto, de letras douradas na mão, no metro, naquele fim de dia tão dorido e pesado.
e tu vives com esses olhos dentro de ti, iluminando as horas e abrindo-te o caminho na folha dos cadernos, no ecrã da máquina mágica, nos intervalos do trabalho, nas pausas do café sem gente e com cadeiras vermelhas que combinam com a garrafa de coca-cola.
olha: para ti esta linha de água corrente e incessante, noite dentro, como todas as palavras capazes de te fazer acreditar nas possibilidades impossíveis, no teu coração, nos teus sentidos, nas tuas dúvidas. acredita e não desistas e vai. és mais livre assim, completamente livre e sem correntes porque sentes e mesmo ao contrário do mundo virado ao avesso és tu.que a portas se fechem, ou melhor que a aquela que se abriu se tenha fechado por momentos, não importa. ou se importa, será assim para os outros. haverá um dia no qual todas as palavras ganharão corpo e te darão aquilo que te pertence. é teu, faz parte de ti, como tu fazes parte dessa parcela ausente. acredita. sempre. esse dia chegará e com ele asas e aí não terás medo e serás pássaro porque o teu coração já o é.
aquele abraço para ti, hoje, na noite cantada, porque são momentos como estes que nos fazem acreditar que os amigos nascem das ondas do 
mar.







Aman


sábado, 10 de agosto de 2013

O SANTUÁRIO

Aqui ultrapassas o ritmo acelerado dos teus dias e páras.
Os teus passos ganham um ritmo mais lento, ao som do silêncio do corpo e do palpitar esfuziante do teu coração. Aqui voltas a ouvir os pássaros, do outro lado do vidro, cheios de sol e vontade de azul.
Aqui vens à procura.
Aqui encontras e desencontras a forma certa.
Nas paredes as palavras amadas.
Brancas e nuas paredes de sonho repletas daqueles grafismos negros, perpetuados pela memória e pelo coração dos homens. São muito antigas.
Muito alegres quando riem.
Muito tristes quando alguém as abandona, ao final da noite, batendo contra a sua  frágil figura, de seres voláteis, a porta alta de madeira clara, naquela casa onde as sombras reclamam um olhar atento e capaz de se tornar infindável.
Aqui acabas e recomeças.
Um.
Dois.
Três.
Tu e elas.
Aman