terça-feira, 16 de julho de 2013

OUTRA VEZ NÃO

Peço-te. Não me questiones incessantemente acerca daquilo para o qual eu não tenho resposta.




Ensinam-te a usares a razão para explicares o melhor da tua  vida e tu acreditas. Naquele momento, sentado numa carteira envelhecida, pequena e cheia de histórias,  acenas com a tua pequena cabeça de caracóis negros e tudo faz sentido. E tudo está certo. Os mestres precisam de ter a certeza da sua função, nem que seja tudo uma mentira bem encenada. No teatro também te fazem crer, não é? Romeu amava Julieta. O amor é eterno  e nem a morte  o pode diluir. Acreditas? Sim. No quadro os amantes voam realmente sobre os campos. Acreditas, não?
E depois, afinal, há tantas outras coisas. E vais descobrindo, e vais contando, e vais lendo, e vais sentindo, e vais trocando, e vais dançando ao ritmo sensual daquela música quente vinda daquele país em forma de crocodilo. Mas o teu corpo não tem dentro de si a loucura inata dessas mulheres. Olhas e imitas mas não é a mesma coisa. Mas insistes. E, de repente, já entraste na mesma roda louca de ritmo tropical e o sangue sobe-te à cabeça e disparas.
Uma espécie de bomba relógio.
Afinal é só deixar cair por terra todas as máscaras, todas as correntes, todas as fórmulas feitas.
Olhar e ver os estilhaços pisados por aquela multidão feliz, numa noite quente de Verão.
Outra vez não. Não me questiones.
AMAN


Sem comentários:

Enviar um comentário