terça-feira, 25 de junho de 2013

A CASA DO RIO

Primeiro foi o mar. Depois veio o rio.
Devia ser meia-noite.
Toda a cidade dormia, enrolados os corpos ao sono, a caminho do sonho.
A mulher percorreu toda a estrada que parecia nunca mais acabar.
Enfim, o rio. Ali estava ele sossegado, correndo devagar, quase despercebido. Uns lábios pronunciando uma melodia repetida e meiga . E as suas árvores antigas debruçadas na água.
E os candeeiros alaranjados, tristes e solitários, iluminando a ponte.

 
E os bancos de pedra vazios e, lá longe, muito longe mesmo,  as estrelas intensas e magnéticas.
Chegou. Parou o carro e esperou. Desde que nascem todas as mulheres aprendem a saber esperar e não desesperar. Para quê? Não vale de nada. Uma pura perda de tempo e um gastar de energia desnecessário. Há tanto para fazer, para pensar, para escrever, para ver, para sentir, para descobrir, para.....
Número vinte.
Quando se chega a algum lugar, durante a noite, todas as portas representam  uma possibilidade de reencontrar guarida, o calor, a paz, as palavras doces, o chá acabado de fazer, bem quente, a música repleta de palavras mágicas, a cama feita de fresco com lençóis brancos de linho. Por fim, o silêncio.
Todas as casas que se abrem e te recebem com uns braços onde poderias ficar a dormir até ser de manhã.
Aí, chegou aquela mulher numa qualquer noite do mundo.
Aí chegou e aí ficou.
Cassandra.
                                                                                                                                                             AMAN






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